Observe-se que no ordenamento do assentamento físico do assentamento
(Tabela 05) existe área reservadas para capineira, espaço destinado ao cultivo de
forrageiras, como alimentação suplementar do gado em épocas de muita ou de falta de
chuva, especialmente importante, quando se trata de gado leiteiro. As forrageiras atuam
como complemento da pastagem na estação chuvosa, assim como o principal alimento
volumoso tradicional, durante o período seco do ano, na maioria das propriedades que
desenvolvem a atividade leiteira.
ORIGEM DAS FAMÍLIAS
DE ASSENTADOS
A origem dos assentados, conforme se pôde verificar, apareceu
como um fator, nas áreas destinadas para a Reforma Agrária, das condições de
vida dos assentados para o desenvolvimento do seu projeto de agricultura
familiar. Dois traços marcam a origem das famílias dos assentados de Capão
Bonito II: de um lado a origem rural (90%) do próprio Estado e, de outro, o de
terem se ligado a apenas dois movimentos durante a fase de organização nos
movimentos dos “sem terra” em acampamentos, sendo eles o MST (Movimento dos Sem
Terra) e a FETAGRI (Federação dos Trabalhadores na Agricultura). Os assentados
são originários do Estado de Mato Grosso do Sul, de municípios próximos ao
assentamento Capão Bonito II, alguns já vindos de outros projetos de
assentamentos, bem como famílias do extremo sul do País. Das 308 famílias
assentadas no local, 100 (cem) delas pertenceram ao Movimento Sem Terra – MST,
as outras 208 (duzentos e oito) famílias pertenceram ao movimento do Sindicato
dos Trabalhadores Rurais de Sidrolândia, Maracaju, Nioaque, Jardim, Rio
Brilhante, Corumbá e Campo Grande (Mapa 07). Existe uma pequena parcela dessas
famílias, 12 (doze) delas, que não fizeram parte dos movimentos anteriores na
luta pela terra. Trata-se de famílias que atuaram como antigos empregados da
fazenda. A origem dos pequenos produtores assentados em Capão Bonito II, da
própria região e antigos empregados da fazenda, pode representar uma vantagem
para a ocupação local, com o conhecimento já acumulado da gestão comercial e
dos recursos naturais disponíveis. Embora as pesquisas mostrem que os
agricultores inexperientes tendem a
aprender com os mais habilidosos e conhecedores do ofício de cultivar o solo,
nota-se a falta dessa prática, cujas razões não são explicadas, mas o que se
pode perceber pela ação participante junto aos produtores é que há uma
generalizada falta de credibilidade entre os membros pertencentes à comunidade.
Também existem aquelas famílias que não participaram do movimento de ocupação
da fazenda e ocupam lotes retomados daquelas que já abandonaram a área, que por
diversos motivos não atenderam aos requisitos do INCRA para manutenção da posse.
Embora seja um fato constatado pela instituição, a legislação não permite a
transação comercial para terceiros sem o prévio consentimento desse órgão, e
que por isso não pode reconhecer os direitos do novo ocupante, solicitando à
justiça a reintegração de posse do imóvel. Segundo informações pessoais de
técnicos do INCRA, no decorrer do trabalho, esses lotes retomados chega a 30%,
em média, nos assentamentos do Estado de Mato Grosso do Sul, sendo o número
considerado normal pelo órgão federal. O fato que chama atenção é que os novos
ocupantes dos lotes, que se apresentam produtivos, são tratados (por uma
parcela dos moradores) como estranhos na comunidade, com motivo alegado de que
não participaram da luta pela posse da terra, o que dificulta a integração da
família na organização social local. As famílias hoje assentadas possuem
características distintas entre si, com diferentes culturas, credos e história
de vida anteriormente ao processo de acampamento na busca pela terra. Grande
parte dos mais idosos já trabalharam na lavoura, embora sem obterem grandes
lucros, apenas o suficiente para sobreviver. Os mais habilidosos e que
apresentam hoje bom aproveitamento do local estão entre os que já trabalhavam
na fazenda antes da desapropriação. Esses tradicionais praticantes das lides no
campo, como se pôde observar, desenvolvem uma rotina de produção de sucesso, se
considerado os resultados médios obtidos pelos outros na área.
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