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17 de junho de 2015

ORIGEM DAS FAMÍLIAS DE ASSENTADOS

Observe-se que no ordenamento do assentamento físico do assentamento (Tabela 05) existe área reservadas para capineira, espaço destinado ao cultivo de forrageiras, como alimentação suplementar do gado em épocas de muita ou de falta de chuva, especialmente importante, quando se trata de gado leiteiro. As forrageiras atuam como complemento da pastagem na estação chuvosa, assim como o principal alimento volumoso tradicional, durante o período seco do ano, na maioria das propriedades que desenvolvem a atividade leiteira.
 ORIGEM DAS FAMÍLIAS DE ASSENTADOS 
     A origem dos assentados, conforme se pôde verificar, apareceu como um fator, nas áreas destinadas para a Reforma Agrária, das condições de vida dos assentados para o desenvolvimento do seu projeto de agricultura familiar. Dois traços marcam a origem das famílias dos assentados de Capão Bonito II: de um lado a origem rural (90%) do próprio Estado e, de outro, o de terem se ligado a apenas dois movimentos durante a fase de organização nos movimentos dos “sem terra” em acampamentos, sendo eles o MST (Movimento dos Sem Terra) e a FETAGRI (Federação dos Trabalhadores na Agricultura). Os assentados são originários do Estado de Mato Grosso do Sul, de municípios próximos ao assentamento Capão Bonito II, alguns já vindos de outros projetos de assentamentos, bem como famílias do extremo sul do País. Das 308 famílias assentadas no local, 100 (cem) delas pertenceram ao Movimento Sem Terra – MST, as outras 208 (duzentos e oito) famílias pertenceram ao movimento do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Sidrolândia, Maracaju, Nioaque, Jardim, Rio Brilhante, Corumbá e Campo Grande (Mapa 07). Existe uma pequena parcela dessas famílias, 12 (doze) delas, que não fizeram parte dos movimentos anteriores na luta pela terra. Trata-se de famílias que atuaram como antigos empregados da fazenda. A origem dos pequenos produtores assentados em Capão Bonito II, da própria região e antigos empregados da fazenda, pode representar uma vantagem para a ocupação local, com o conhecimento já acumulado da gestão comercial e dos recursos naturais disponíveis. Embora as pesquisas mostrem que os agricultores inexperientes  tendem a aprender com os mais habilidosos e conhecedores do ofício de cultivar o solo, nota-se a falta dessa prática, cujas razões não são explicadas, mas o que se pode perceber pela ação participante junto aos produtores é que há uma generalizada falta de credibilidade entre os membros pertencentes à comunidade. Também existem aquelas famílias que não participaram do movimento de ocupação da fazenda e ocupam lotes retomados daquelas que já abandonaram a área, que por diversos motivos não atenderam aos requisitos do INCRA para manutenção da posse. Embora seja um fato constatado pela instituição, a legislação não permite a transação comercial para terceiros sem o prévio consentimento desse órgão, e que por isso não pode reconhecer os direitos do novo ocupante, solicitando à justiça a reintegração de posse do imóvel. Segundo informações pessoais de técnicos do INCRA, no decorrer do trabalho, esses lotes retomados chega a 30%, em média, nos assentamentos do Estado de Mato Grosso do Sul, sendo o número considerado normal pelo órgão federal. O fato que chama atenção é que os novos ocupantes dos lotes, que se apresentam produtivos, são tratados (por uma parcela dos moradores) como estranhos na comunidade, com motivo alegado de que não participaram da luta pela posse da terra, o que dificulta a integração da família na organização social local. As famílias hoje assentadas possuem características distintas entre si, com diferentes culturas, credos e história de vida anteriormente ao processo de acampamento na busca pela terra. Grande parte dos mais idosos já trabalharam na lavoura, embora sem obterem grandes lucros, apenas o suficiente para sobreviver. Os mais habilidosos e que apresentam hoje bom aproveitamento do local estão entre os que já trabalhavam na fazenda antes da desapropriação. Esses tradicionais praticantes das lides no campo, como se pôde observar, desenvolvem uma rotina de produção de sucesso, se considerado os resultados médios obtidos pelos outros na área.

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