Aquicultura
no Brasil
No Brasil, a
maior parte das atividades aquícolas é praticada em propriedades rurais comuns.
Na
grande maioria, essas fazendas são dotadas de açudes ou represas. A
atividade agropecuária normal de uma fazenda produz uma série e quantidades
variáveis de subprodutos que de maneira geral não são aproveitados,
principalmente quanto à sua possível transformação em proteínas para consumo
humano: capins, frutos passados, palhas diversas, varreduras de depósitos de
rações, camas de estábulos e galinheiros,
águas servidas de estábulos, pocilgas, pequenos matadouros,
resíduos de biodigestores, etc, que os peixes em cativeiro aproveitam
integralmente. Além disso, pode acrescentar-se água servida em laticínios e o
bagaço ou torta de filtragem da cana-de-açúcar, entre outros subprodutos de usinas de açúcar e álcool.
Utilizando
pouca mão-de-obra, a piscicultura nos açudes e represas não conflita com as
demais atividades desenvolvidas numa fazenda. Pelo contrário, é um complemento
muito proveitoso, dado que tem a característica básica de reciclar subprodutos
e resíduos, transformando-os em proteína animal.
No
Brasil, as espécies indígenas de valor comercial, o pacuguaçu, o dourado, o tambaqui ,
o pintado,
entre outros, não se reproduzem em tanques. São as chamadas espécies de
piracema, que dependem da injeção de hormônios naturais e sintéticos para a
reprodução. Essa técnica tem se popularizado rapidamente.
O
desenvolvimento da piscicultura brasileira teve por base as espécies exóticas
que se reproduzem em tanques e permitem o cultivo controlado. É o caso da tilápia comum,
tilápia-do-nilo, entre outros. A migração da base de produção para as espécies
de piracema é relativamente recente, sendo posterior à Década de 1970.
Bem como o tambaqui, espécie amplamente cultivada no estado de Roraima.
As
tilápias e as carpas são as espécies mais adequadas para criação em
represas e açudes das propriedades rurais, devido à sua rusticidade. As espécies
carnívoras, como o trairão e o tucunaré devem
ser utilizadas apenas como auxiliares no controle do excesso de reprodução das
tilápias, não se recomendando sua criação isolada. A inserção de espécies
carnívoras é benéfica para melhorar a qualidade do peixe obtido, que cresce
mais em menos tempo. No entanto, a inserção deve ser feita com muito cuidado,
pois pode causar sérios problemas ecológicos caso haja fugas das espécies
carnívoras para os rios locais.
A adubação das águas é um dos aspectos mais
importantes da criação de peixes em cativeiro, representando o enriquecimento
das águas. Pode ser feito de várias maneiras. Se for possível, as águas usadas
para lavar estábulos e pocilgas devem ser levadas para os açudes, desde que não
causem poluição do meio aquático por excesso de volume. Sua presença em pequenas
quantidades propiciará o incremento da produção natural de plâncton. Além de fertilizarem a água, os estercos são também diretamente
ingeridos pelos peixes. De uma maneira geral, pode usar-se o esterco de curral
na proporção de duas toneladas por hectare, duas vezes ao ano.
Os
adubos químicos também podem ser utilizados, embora não apresentem resultados
tão bons quanto os orgânicos, preferencialmente associados ao esterco para a
obtenção de melhores resultados.
Na
região de Campos do Jordão, há grande produção de trutas. A truta brasileira
ganha mais peso que as correspondentes americanas e japonesas, além de sabor
característico. Portanto, as propriedades agrícolas providas de açudes
apresentam um potencial bastante grande para a produção perene de peixe de alta
qualidade e a custos baixos.
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