METODOLOGIA DE PESQUISA
OBSERVAÇÃO
No processo científico, a observação é essencial para uma futura
elaboração de teoria. Dentro do campo das ciências sociais, ocorre o mesmo, ou
seja, a observação é vital para futuras elaborações de teorias ou conceitos;
isto é, a observação é o caminho natural para o conhecimento dentro do campo da
sociologia. Evidentemente, ela não é sempre precisa, porém é fundamental e de
grande valor.
Depende de treino e reflexão,
além do sociólogo ter de saber o que exatamente procurar. O sociólogo, ao se
utilizar da observação, jamais deve levar em conta seus preconceitos, pois, se
assim o fizer, invalidará sua pesquisa.
Para analisar profundamente
qualquer tipo de problema da sociedade, por exemplo a violência, o desemprego
ou as drogas, o sociólogo inicia o seu trabalho com a observação.
Nesse momento inicial, a
observação é feita com o único objetivo de colher dados e fatos que tenham
relação com o assunto abordado na pesquisa. Ou seja, inicialmente, o cientista
social começa sua pesquisa reunindo os dados brutos para, posteriormente,
codificar esses dados, organizando-os. Finalmente, em terceiro lugar, as
informações são tabuladas.
A observação pode ser dividida em
observação em massa, observação sistemática e observação participante.
A observação em massa
ocorre quando o investigador observa o comportamento de grande número de
pessoas, no que diz respeito à reunião de determinados fatos.
A observação sistemática
ocorre quando o pesquisador observa por um determinado tempo, sistematicamente,
os fatos de seu interesse em um grupo específico escolhido para a realização
da pesquisa, podendo ser direta ou indireta. A observação sistemática é direta,
quando os fatos são observados pessoalmente, e indireta quando a observação
ocorre através de outras pessoas.
A observação participante
consiste na incorporação do investigador dentro da comunidade que está
estudando, revelando ou não sua condição de pesquisador. Esse tipo de
observação é bastante interessante, pois o observador passa a participar do
modo de vida do grupo, integrando-se totalmente ao grupo que está sendo
estudado.
Na observação participante, se o
cientista vai investigar algum tipo de seita religiosa, converte-se à mesma,
para assim poder participar de tudo que diz respeito a essa determinada seita.
Se tem como objeto de pesquisa o dia a dia do operário, vai trabalhar em uma
fábrica para saber como é a rotina do operário e assim por diante.
A observação participante tem
sido motivo de discussões entre os cientistas sociais, pois alguns são
favoráveis a ela, acreditando que se deve sair do gabinete e ir a campo para
realmente fazer uma boa pesquisa, enquanto outros acreditam que o fato de ir a
campo pode levar o investigador a se identificar com o objeto de estudo, uma
vez que o pesquisador acaba por se integrar ao grupo estudado.
Contudo, alguns estudiosos
defendem a ideia de que, na realidade, isso não ocorre, pois essa identificação
do cientista social com o objeto estudado não desacredita sua investigação, não
desacredita a objetividade do que está sendo pesquisado, uma vez que sua
objetividade não depende exclusivamente do método adotado e sim das teorias
utilizadas bem como do quanto é treinado.
Quando o cientista social se
integra à comunidade estudada, ele pretende observar melhor e mais
profundamente a realidade social, pois a observação por si só torna-se
periférica, mostrando apenas parcialmente a realidade do grupo estudado. Por meio
da integração com o grupo, pode-se ter uma melhor visão do que se está
estudando, tornando o conhecimento mais profundo.
Porém, nem sempre essa integração
é possível, por variados motivos: distância, grupos extremamente fechados,
entre outros. Nesses casos, quando não é possível a integração, o cientista
social faz sua pesquisa utilizando-se de outros métodos, tais como leituras,
filmes, fotos, internet etc.
Terminada a pesquisa, durante a
elaboração de seu relatório, o sociólogo deverá se desvincular da realidade
pesquisada, preocupando-se apenas com a objetividade e a exatidão. Se o
trabalho for objetivo, a conclusão poderá ser comprovada por outros sociólogos
que, através dos mesmos métodos, chegarão ao mesmo resultado, ou seja, seu
trabalho deve ser verificável.
FONTES DE PESQUISA
Depois de determinados o campo e
o objetivo da pesquisa, o sociólogo dá início ao seu estudo, utilizando-se de
várias fontes, como exposto a seguir.
QUESTIONÁRIO
O uso do questionário tem o
objetivo de obter dados específicos sobre determinada população, através de
perguntas organizadas de forma clara e conexa. O questionário não deve ser
longo nem conter ambiguidades e contradições. As perguntas podem ser abertas ou
fechadas; ou seja, é aberta quando o pesquisado pode responder do jeito que
quiser, ou fechada, quando o pesquisado tem de escolher entre determinadas
respostas sugeridas pelo pesquisador.
ENTREVISTA
O pesquisador escolhe
determinadas'pessoas para, por meio de uma conversa, obter as informações
necessárias à sua pesquisa. A entrevista pode ser de forma dirigida ou não
dirigida. Dizemos que a entrevista é dirigida quando existe um roteiro a ser
seguido; e, quando o entrevistado pode falar livremente, então é considerada
não dirigida.
DOCUMENTO
De acordo com a norma 6.023 da
ABNT, documento é qualquer suporte que contenha informação registrada,
formando uma unidade, sem modificações,
que possa servir para consulta, estudo ou prova em uma pesquisa.
As fontes documentais incluem uma
variada gama de suportes
ABNT é a sigla da Associação Brasileira de
Normas Técnicas.
impressos, manuscritos, registros
audiovisuais e sonoros, imagens etc. A análise documental é aquela que é
realizada a partir de documentos, contemporâneos ou antigos, desde que sejam
considerados autênticos. Tais documentos podem ser de fontes primárias ou
secundárias.
Fontes documentais primárias são
o conjunto de textos e documentos registrados em museus, arquivos públicos,
bibliotecas, órgãos públicos, censos, acervo particular, entre outros.
Exemplos: correspondência, diários, registros públicos, documentos, anúncios,
textos literários, depoimentos escritos, periódicos etc.
Para a historiografia, fonte
primária é qualquer documento cuja elaboração se deu na mesma época sobre a
qual se está pesquisando.
As fontes secundárias são fontes
interpretativas baseadas ou oriundas das fontes originais ou primárias, ou
seja, são compostas de elementos derivados das obras originais. Geralmente,
referem-se a trabalhos que têm o objetivo de analisar e interpretar as fontes
originais.
A historiografia, por exemplo,
considera fontes secundárias os documentos não contemporâneos ao período dos
fatos que narra.
FORMULÁRIO
Nesse tipo de fonte, o
investigador faz as perguntas e anota as respostas dadas; posteriormente, pode
tornar os dados mais abrangentes, com comentários complementares.
CARTOGRAFIA
O investigador utiliza-se de
mapas, desenhos, gráficos e outros documentos para assim tornar expressivas
informações complexas.
AMOSTRAGEM
A amostragem é o processo no qual
seleciona-se parte de um grupo para realizar uma pesquisa demonstrativa daquele
grupo social ou de toda a sociedade.
A amostragem pode ser
proporcional, aleatória ou por conglomerado.
A amostragem é proporcional
quando a mesma proporção de entrevistados de cada categoria é mantida, de
acordo com a sua proporção na população completa. Nesse tipo de amostragem,
sabe-se o total da população, e sua proporcionalidade é mantida por sexo,
idade, estado civil etc.
A amostragem é aleatória quando
as pessoas que farão parte da investigação são sorteadas ao acaso, podendo
qualquer um ser sorteado.
A amostragem é considerada por
conglomerado se for feita de acordo com a região geográfica e conforme a
densidade populacional.
LEVANTAMENTO HISTÓRICO
No levantamento histórico, o
sociólogo utiliza-se de variados tipos de documentos para compreender as
sociedades em seus momentos históricos, em um determinado acontecimento, e o
processo de transformação que levou a sociedade até ele. Os documentos podem
ser, entre outros: vestimentas, arte, arquitetura, testemunhos, correspondências
etc.
HISTÓRIA DE VIDA
Esse é um método de pesquisa
bastante utilizado pela sociologia. Nesse caso, os dados são obtidos através da
história pessoal do indivíduo, por meio de documentos pessoais, agendas e
diários, além de cartas e, sobretudo, dos relatos biográficos ou
autobiográficos coletados oralmente com a própria família, com familiares,
amigos, parentes, vizinhos, ou por meio de textos escritos de próprio punho,
digitados, transcritos etc.
ANÁLISE DE DADOS
A análise pode ser quantitativa e
qualitativa.
Análise quantitativa é aquela que
se utiliza de dados numéricos para investigar algo em uma determinada
sociedade. Nesse tipo de análise, o investigador pretende chegar a um determinado
grau de precisão; porém, muitas vezes, isso não ocorre, pois nem tudo que é
objeto de estudo em sociologia pode ser analisado dessa forma nu
Uma das formas de pesquisar a respeito de uma sociedade é usando como fonte
informações censitárias, isto é, de censo ou recenseamento realizados por
órgãos públicos.
Em quase todos os países estão à
disposição dos pesquisadores o levantamento sistemático de informações
relativas à população: número de
habitantes, de eleitores, população quanto a sexo, renda, idade,
ocupação, religião, nacionalidade,
escolaridade, cor da pele etc.
Na análise qualitativa, o
investigador não se preocupa com estatísticas e números; seu objetivo, nesse
caso, é compreender determinados fatos em toda sua complexidade e amplitude.
Na análise qualitativa, o
sociólogo procura obter uma grande quantidade de informações para, assim,
analisar mais seguramente os fatos, objetivando um resultado mais confiável e
preciso.
As duas análises são importantes
a uma investigação. No entanto, um resultado melhor e/ou mais seguro dependerá
unicamente do bom desempenho do investigador e das condições que o mesmo
dispõe.
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